Significados de violência: reflexões sobre as práticas escolares

Abstract

Esta dissertação teve como objetivo investigar os significados de violência entre sujeitos de uma escola pública em Salvador. Interessou-nos entender como estes significados são compartilhados e orientam as ações dos sujeitos no ambiente escolar. Para tal, optamos por um método qualitativo que privilegiou a observação direta e a interação dialógica com diferentes atores envolvidos, qual seja, professores, alunos, funcionários e gestores. Do ponto de vista conceitual, procedemos a um deslocamento de uma perspectiva de cunho ora estritamente psicologizante ora estritamente sociologizante para uma perspectiva histórico-social. Partimos do pressuposto da Teoria Sociohistórica segundo a qual os significados orientam as ações humanas. Deste modo, o significado de violência não é considerado aqui como um simples fenômeno sígnico-simbólico, mas algo que incide e perpassa as ações e estratégias da violência na vida cotidiana das pessoas. A partir de uma ampla revisão de literatura acerca do tema foi possível perceber o importante papel que tem a escola na sociedade. A abordagem metodológica utilizada foi qualitativa. O grupo focal e entrevistas foram técnicas adotadas na coleta de dados. Os resultados foram analisados a partir da análise de conteúdo de Bardin (2002) e organizados em três categorias: Violência e Estado; Violência e Família; Violência e Práticas Escolares. Eles indicam que a escola, no que concerne à violência, muitas vezes está a serviço de uma visão de mundo da classe hegemônica, reproduzindo um discurso amordaçado pelos preconceitos e estigmas contra aqueles que são violentados cotidianamente ao sofrerem a exclusão dos seus direitos básicos. A construção de estratégias para lidar com a violência passa por uma constante produção de significados. É necessário, muitas vezes, romper com explicações cristalizadas, a partir de uma reflexão crítica das próprias práticas escolares. Por fim, acreditamos que este estudo poderá contribuir para o debate, tanto no campo acadêmico, quanto nas práticas exercidas pelos educadores.