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Tipo: Tese
Título: "A gente é como aranha ... vive do que tece": nutrição, saúde e alimentação entre os Índios Kiriri do Sertão da Bahia.
Autor(es): Pacheco, Sandra Simone Queiroz de Morais
Autor(es): Pacheco, Sandra Simone Queiroz de Morais
Abstract: O objeto central da tese é o perfil antropométrico das crianças na faixa etária de 0 a 5 anos do povo indígena Kiriri, assim como suas condições de saúde e práticas alimentares cotidianas. O percurso metodológico para a apreensão dessas três dimensões privilegiou o método da observação participante com registro etnográfico, ao abrigo do qual foram utilizadas também técnicas de caráter quantitativo. Das 365 crianças de 0 a 5 anos residentes na Terra Indígena Kiriri, 306 (83,83%) participaram do estudo. Os resultados evidenciaram, notadamente, uma elevada prevalência de processos crônicos de Desnutrição pelo Indicador Altura/Idade (19,9%), cuja prevalência está muito além da aceitável pela Organização Mundial de Saúde, que é de 2,3 % (OMS, 1995). Do ponto de vista nutricional, a alta relevância de Desnutrição crônica representa reduzida garantia de segurança alimentar infantil, não só ao nível doméstico mas também comunitário, assim como precárias condições de prevenção e manutenção da saúde. Visando melhor conhecer e descrever a situação nutricional na Terra Indígena Kiriri, os indicadores Peso/Estatura, Peso/Idade e Estatura/Idade foram cruzados com variáveis consideradas importantes no quadro multicausal da Desnutrição. As variáveis selecionadas foram sexo, idade, escolaridade materna e aleitamento. Em relação às variáveis sexo e aleitamento, não se observou associação entre elas e a ocorrência de Desnutrição. Destacada a questão do déficit de crescimento, observou-se que das 60 (20,3%) crianças que apresentaram Desnutrição pelo indicador Estatura/Idade, aproximadamente 87,0% possuem mães com escolaridade até a 4ª série. Constatou-se, também, que crianças entre 24 e 59 meses de idade representam 57,4% do total de crianças desnutridas. Em uma perspectiva comparativa entre os dois Grupos em que está dividida, hoje, a população indígena, a Desnutrição tem uma distribuição geográfica específica, sendo que no Grupo liderado pelo cacique Lázaro, a prevalência da Desnutrição crônica é maior (24,6%) do que no Grupo liderado pelo cacique Zenito (13,0%). Um estudo focal foi realizado entre as famílias com crianças Desnutridas no grupo local de Mirandela, de modo a melhor compreender alguns fatores envolvidos na determinação do Déficit de crescimento. As formas de cuidado e cura que conformam o sistema de saúde local foram observadas numa perspectiva relacional, identificando-se um campo complexo onde diferentes demandas são articuladas a órgãos oficiais e conhecimentos locais, de modo a atender às necessidades materiais, relações de poder e prestígio, motivações históricas, etc. As observações sobre as práticas alimentares Kiriri demonstram uma dieta alimentar baseada no feijão e farinha de mandioca, e complementada por tubérculos e cereais (batata-doce, pão, arroz e farinha de milho). De modo geral, a marca dessa alimentação cotidiana é a monotonia. Entre as carnes, a preferência incide sobre a de boi. Atenção foi, igualmente, dirigida para as técnicas culinárias, a cozinha, a comida e o comer. A observação do sistema alimentar Kiriri se constitui em elemento fundamental para o respeito à sua especificidade cultural e elaboração de políticas públicas que contribuam para o equacionamento do seu problema de (in) segurança alimentar.
Palavras-chave: Desnutrição infantil
Práticas alimentares
Saúde indígena
Etnografia
Infant malnutrition
Eating practices
Ethnography
Indigenous health
Editora / Evento / Instituição: Programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais da UFBA
URI: http://www.repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/11360
Data do documento: 2007
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