Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39370
Tipo: Tese
Título: Formação de professoras negras na educação infantil: histórias cotidianas de opressões e insurgências.
Título(s) alternativo(s): Training black teachers in early childhood education: everyday stories of oppression and insurgency.
Autor(es): Silva, Cacio Romualdo Conceição da
Primeiro Orientador: Viégas, Lygia de Sousa
metadata.dc.contributor.referee1: Cruz, Silvia Helena Vieira
metadata.dc.contributor.referee2: Nunes, Míghian Danae Ferreira
metadata.dc.contributor.referee3: Sotero, Edilza Correia
metadata.dc.contributor.referee4: Franco, Nanci Helena Rebouças
metadata.dc.contributor.referee5: Viégas, Lygia de Sousa
Resumo: O surgimento das primeiras instituições pré-escolares brasileiras, denominadas por creches, data de meados do Século XIX e representavam, à época, a oferta qualificada de cuidados destinados às crianças cujas mães trabalhavam nas “casas de família” ou nas indústrias. Até a segunda metade do Século XX, as reflexões e ações destinadas ao campo da “assistência” de crianças pobres e negras não destoaram das tendências do final do Século XIX, a saber: uma gestão promovida por mulheres brancas e ricas que, na função de gestoras dos “cuidados” destinados às crianças negras e pobres, bem como a suas famílias, colocavam em prática métodos de cunho médico-higienista, jurídico-policial e religioso. Somente no início da década de 1980, passamos a ter crescentes tensões e contestações direcionadas à tradicional “atenção” dada ao processo educativo da infância pobre (e negra) em nosso país. No contexto atual de produção de conhecimento acerca da Educação Infantil, que envolve a formação de suas professoras, faz-se necessário pensar o tema das Relações Raciais. Falamos pouco sobre a construção histórica da Educação Infantil anterior à década de 1980, e também falamos pouco sobre suas professoras, em sua maioria mulheres negras que, mesmo tendo sua formação mínima garantida em lei desde o início do Século XX, são submetidas a experiências formativas e condições de trabalho historicamente precarizadas e completamente atravessadas por nossa tradição capitalista patriarcal e racista. Dessa forma, a presente pesquisa busca compor com o aprofundamento das questões acerca do tema. Para tanto, possui como objetivo geral historiar os percursos biográficos e formativos de professoras negras e pobres da Educação Infantil, no diálogo entre suas narrativas e a história da Educação da população negra no Brasil. E como objetivos específicos, temos: a) Recuperar elementos da história da construção, efetivação e oferta da Educação Infantil no Brasil à luz dos marcadores de gênero, raça e classe social; b) Compreender a política emergencial de formação de professoras na Educação Infantil a partir dos Programas ProInfantil e PARFOR; c) Compreender o processo formativo destinado às professoras negras e pertencentes às classes populares que trabalham na Educação Infantil, a partir de suas narrativas; d) Compreender, a partir das narrativas das professoras, como o processo formativo repercutiu/repercute na efetivação das reflexões e práticas pedagógicas de professoras negras e pobres na relação com as crianças e suas famílias, também negras e pobres. Os meios utilizados para alcançar os objetivos citados estão identificados com o método da história oral que comparece(u) na construção de memórias relacionadas ao percurso de vida e de formação profissional das professoras ouvidas em contexto de encontros grupais. Participaram do grupo oito professoras da Educação Infantil cuja formação se deu a partir do ProInfantil e em pedagogia pelo PARFOR, programas emergenciais de formação de professoras que já atuavam nesta condição, sem formação/diplomação para tanto. O conteúdo proveniente do campo e o seu cotejamento para posterior escrita da Tese, foram articulados teoricamente a partir de uma perspectiva intersecional e materialista-histórica em que se buscou entender como os aspectos de gênero, raça e classe foram relacionados historicamente com fatores determinantes às possibilidades ou não de acesso de mulheres negras e pobres à formação docente em nosso país. Ao dividir conosco as suas histórias de vida e de formação, as professoras nos possibilitaram acessar golpes que pareciam antigos, inexistentes em nossos dias. Contudo, elas também nos aproximaram de algo que acontece entre elas, na relação com outras mulheres, um esforço muitas vezes não nominado, outras vezes sim, para que, desobedientes, não permanecessem em lugares pré-estabelecidos, lugares já vividos por outras tantas mulheres também negras e pobres. Um esforço para viverem o direito à Educação e à formação docente em nosso país.
Abstract: The emergence of the first Brazilian preschool institutions, known as daycare centers, dates to the mid-19th century and represented, at the time, the qualified provision of care for children whose mothers worked in “family homes” or in factories. Until the second half of the 20th Century, discussions and actions focused on the field of “assistance” for poor and black children did not differ from trends at the end of the 19th Century, namely: management promoted by rich white women who, in the role of managers of “care” for poor black children, as well as their families, put into practice medical-hygienist, legal-police and religious methods. Only at the beginning of the 1980s did we begin to experience growing tensions and challenges directed at the traditional “attention” given to the educational process of poor (and black) children in our country. In the current context of knowledge regarding Early Childhood Education, which involves the training of its teachers, it is necessary to think about the topic of Racial Relations. We talk little about the historical construction of Early Childhood Education prior to the 1980s, and we also talk little about its teachers, mostly black women who, despite having their minimum training guaranteed by law since the beginning of the 20th century, are subjected to formative experiences and working conditions that are historically precarious and reflected by our patriarchal and racist capitalist tradition. Therefore, this research seeks to deepen the questions surrounding this topic. To this end, its general objective is to chronicle the biographical and educational paths of poor black Early Childhood Education teachers, in the dialogue between their narratives and the history of Education for the black population in Brazil. And, as specific objectives, we have: a) Recover elements of the history of the construction, implementation and provision of Early Childhood Education in Brazil in the light of gender, race and social class markers; b) Understand the emergency policy for training teachers in Early Childhood Education based on the ProInfantil and PARFOR Programs; c) Understand the training process aimed at black teachers and those belonging to the lower economical classes who work in Early Childhood Education, based on their narratives; d) Understand, based on the teachers' narratives, how the training process had and still has repercussions on the implementation of reflective and pedagogical practices of black and poor teachers in their relationship with children and their families, also black and poor. The means used to meet the objectives are identified with the oral history method that participates in the construction of memories related to the teachers’ life path and professional training in the context of group meetings. Eight Early Childhood Education teachers participated in the group, whose training took place through Proinfantil and in pedagogy through PARFOR, emergency training programs for teachers who were already working in this condition, without training/graduation for that purpose. The content from the field and its comparison for subsequent writing of the Thesis, were theoretically articulated from an intersectional and materialist-historical perspective in which we sought to understand how aspects of gender, race and class were historically related to factors determining the possibilities or challenges of access for poor black women to teacher training in our country. By sharing their life and training stories with us, the teachers allowed us to access scams that seemed ancient, non-existent in our days. However, they also brought us closer to something that happens between them, in their relationships with other women, an effort that is often unnamed, sometimes yes, so that, disobediently, they do not remain in pre-established places, places already lived by many other women also black and poor. An effort to live the right to Education and teacher training in our country.
Palavras-chave: Educação - Aspectos sociais - Brasil - História
Educação Infantil
Relações raciais
Formação de professoras
Professoras negras
Formação de professoras negras
História da educação no Brasil
CNPq: Ciências humanas
Educação
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: Universidade Federal da Bahia
Sigla da Instituição: UFBA
metadata.dc.publisher.department: Faculdade de Educação
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) 
Tipo de Acesso: Acesso Aberto
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39370
Data do documento: 14-Dez-2023
Aparece nas coleções:Tese (PGEDU)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Cacio Romualdo C da Silva TESE.pdf2,9 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.