Crise socioambiental e sustentabilidade na gestão do desenvolvimento de comunidades: o caso ilha D´ajuda

Abstract

Este trabalho pretende analisar a sustentabilidade no desenvolvimento de uma pequena comunidade pesqueira do interior da Bahia, inserida num contexto de abundância de recursos naturais porém carente de atenção dos poderes públicos e vítima de jogos políticos que perpetuam a dominação e a pobreza. Em termos específicos, objetiva-se mostrar que o crescimento econômico por si só não traduz-se em desenvolvimento comunitário e que a falta de participação dos membros da comunidade nas decisões que os impactam, conduz a um ciclo vicioso de pobreza, assistencialismo e clientelismo. O objeto de estudo foi a comunidade de Ilha d´Ajuda, no município de Jaguaripe, distante 240 km de Salvador, capital da Bahia. Para atingir os objetivos dessa pesquisa, optou-se pelo estudo da crise ambiental, amplamente discutida na atualidade, e dos conceitos de comunidade, participação e sustentabilidade. A partir desses conceitos, adotou-se o método do estudo de caso com o emprego de observação não participante e entrevistas não-estruturadas com os moradores da comunidade de Ilha d´Ajuda. Esse estudo permitiu constatar os efeitos da ideologia neo-liberal de grandes empreendedores, a prática de assitencialismo e clientelismo por representantes da comunidade e os efeitos ambientais e sociais sobre a vida cotidiana das pessoas que moram em Ilha d´Ajuda. De modo conclusivo, verificou-se que nas condições atuais a comunidade em questão não apresenta um modo de vida sustentável, do ponto de vista ambiental e econômico e que as práticas atuais apontam para uma concentração de rendas e degradação socioambiental.