Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37906
Tipo: Tese
Título: Fonte usual de cuidados em saúde: abordagens conceituais e metodológicas e fatores determinantes entre adolescentes escolarizados.
Título(s) alternativo(s): Usual source of health care: conceptual and methodologies and determining factors among school-aged adolescents.
Autor(es): Martins, Maísa Mônica Flores
Primeiro Orientador: Pereira, Rosana Aquino Guimarães
metadata.dc.contributor.referee1: Vilasbôas, Ana Luiza Queiroz
metadata.dc.contributor.referee2: Bousquat, Aylene Emília Moraes
metadata.dc.contributor.referee3: Tomasi, Elaine
metadata.dc.contributor.referee4: Prado , Nilia Maria de Brito Lima
metadata.dc.contributor.referee5: Pereira, Rosana Aquino Guimarães
Resumo: Introdução: Ter uma fonte usual de cuidado (FUC) da Atenção Primária à Saúde (APS) pode melhorar a atenção à saúde de adolescentes brasileiros, e o acesso as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças. Dentre as ações preconizadas para serem desenvolvidas pelos profissionais da APS, destaca-se o Programa de Saúde da Escola (PSE), desenvolvido através de ações intersetoriais entre os serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) e as unidade escolares da esfera pública. Estas ações podem favorecer uma relação de vínculo e confiabilidade entre os adolescentes e os serviços de APS, a partir da integração entre os setores da saúde e da educação, contribuindo para o reconhecimento da APS como sua FUC. Uma relação longitudinal, de responsabilização e confiança pode favorecer o acesso aos serviços de saúde da APS. Neste sentido, a adolescência é um período da vida considerado vulnerável devido a vivência de experiências que podem comprometer a integridade da saúde. Sendo necessário o desenvolvimento de estudos que possibilitam a compreensão dos fatores determinantes no acesso à saúde e práticas de cuidados em saúde que considerem as especificidades e singularidades desses indivíduos, de modo a favorecer aos adolescentes a inclusão, autonomia e participação social em seus processos de atenção à saúde. Objetivo geral: Analisar as abordagens conceituais e metodológicas e os fatores determinantes do reconhecimento de uma fonte usual de cuidado e sua associação com o acesso aos serviços de APS entre adolescentes brasileiros. Objetivos Específicos: Sistematizar na literatura científica nacional e internacional, os conceitos de fonte usual do cuidado, as abordagens metodológicas utilizadas e os fatores determinantes evidenciados pelos estudos; Analisar os fatores demográficos, socioeconômicos, de saúde e comportamentos de risco associados ao reconhecimento de uma fonte usual do cuidado, segundo o sexo, entre adolescentes brasileiros; Analisar a associação entre o desenvolvimento de ações intersetoriais entre escola/serviços de saúde e o reconhecimento de uma fonte usual do cuidado de APS; e Analisar a associação entre o reconhecimento de uma fonte usual do cuidado de APS e o acesso aos serviços de APS, segundo sexo, entre adolescentes brasileiros. Metodologia: A tese foi apresentada em quatro artigos segundo cada objetivo específico. Para execução do primeiro objetivo foi realizado um estudo de revisão de escopo, com artigo da literatura internacional, sendo desenvolvido com 41 artigos originais como amostra final. No segundo objetivo, foi conduzido um estudo transversal com 100.464 adolescentes brasileiros, por meio de uma amostragem complexa, por conglomerado, a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2015), tendo como variável dependente - Fonte Usual de Cuidado. Para a análise dos dados foram utilizados modelos de regressão logístico multinível, a partir da análise da Razão de Prevalência (RP), segundo variáveis demográficas, socioeconômicas, de comportamento de risco e de saúde, e estratificado por sexo. No terceiro objetivo, foi conduzido um estudo transversal com 97.903 adolescentes brasileiros, a partir do inquérito da PeSNE (2015) o qual considerou os adolescentes de escolas que referiram desenvolver ações intersetoriais entre a escola e serviços da APS. Para a análise estatística definiu como variável independente principal – ações intersetoriais e a variável dependente – Fonte Usual de Cuidado da APS, foram utilizados modelos de regressão logístico multinível sendo estimado a RP. No quarto objetivo, foi conduzido um estudo transversal, a partir do inquérito da PeNSE (2015) com 68.968 adolescentes brasileiros que procuraram os serviços de APS nos últimos 12 meses a entrevista. Considerou como variável independente principal – FUC APS e a variável dependente – Acesso aos serviços de saúde da APS. Foram estimadas RP a partir de modelos de regressão logístico multinível e ajustados por variáveis demográficas, socioeconômicas, de comportamento de risco e de saúde, e estratificado por sexo. Para as análises foram realizadas as correções para amostragem complexa, multinível com uso do software stata 14 e uso do comando adjrr para as estimativas da RP. Resultados referentes ao primeiro objetivo: Foram identificados 632 artigos, sendo que 291 foram excluídos por estarem repetidos nas bases de dados, tendo como amostra final 41 artigos que foram selecionados para a revisão após o processo de leitura e avaliação dos critérios de inclusão. Ser do sexo feminino, raça/cor branca, maior renda e escolaridade e ter seguro saúde estiveram associados ao reconhecimento de uma FUC, a mesma associação foi observada para FUC APS, além de estudos destacarem a relação com raça/cor parda, menor nível de escolaridade e residir em zona rural. Resultados referentes ao segundo objetivo: O reconhecimento de uma FUC foi referido por 55,5% dos adolescentes brasileiros, sendo 58,6% para o sexo feminino e 51,4% para o sexo masculino. Na análise multivariada, as variáveis que apresentam desigualdades sociais, econômicas e de comportamento de risco demonstraram associações positivas para a FUC APS, para ambos os sexos (raça/cor preto/parto/amarelo e indígena, baixo nível de escolaridade materna, ser estudante de escolas públicas, relação sexual desprotegida e ter sofrido violência física e sexual). Os demais tipos de FUC (consultório médico particular, hospital e emergência) as características demográficas e socioeconômicas quando associadas apresentaram associações negativas, sendo as associações positiva para as variáveis de comportamento de risco e condições de saúde. Resultados referentes ao terceiro objetivo: Dos adolescentes analisados 72,8% estudavam em escolas que desenvolviam ações intersetoriais com os serviços de APS. Entre os adolescentes estudantes de escolas que desenvolviam ações intersetoriais, observou-se associação entre o reconhecimento da FUC APS e ações intersetoriais (RP:1,11; IC95%: 1,08 – 1,15). Quando analisado o modelo multivariado para as variações da variável independente principal, observou-se associações positivas para ações do Programa Saúde na Escola (PSE) (RP:1,34; IC95%: 1,30 – 1,38), e o desenvolvimento de ações entre a escola e os serviços de APS (RP:1,10; IC95%: 1,06 – 1,14). Resultados referentes ao quarto objetivo: Dos adolescentes que procuraram os serviços de APS, 74,6% referiram acesso, sendo a maior proporção para o sexo feminino (79,3%). Na análise multivariada, entre o reconhecimento de uma FUC APS e o acesso aos serviços de APS observa-se associação positiva (RP: 1,25; IC95%: 1,24 – 1,26), e na estratificado por sexo, observou-se associações positivas para ambos os sexos, (RP: 1,30; IC95%: 1,28 – 1,31) para o sexo masculino e (RP: 1,21; IC95%: 1,20 – 1,23) para o sexo feminino. Considerações finais: Os resultados deste estudo mostraram que determinantes sociais, econômicos e de comportamento de risco, como, ser do sexo feminino, raça/cor branca, maior nível de escolaridade e de renda, e a disponibilidade de seguro saúde, estão associados ao reconhecimento de uma FUC. Os achados entre os determinantes sociais e o reconhecimento da APS como FUC, demonstraram que os adolescentes em condições de maior vulnerabilidade social e econômica têm uma maior probabilidade de reconhecerem a APS como sua FUC. A FUC APS também apresentou associação com as ações intersetoriais, entre a saúde e educação. Em relação ao acesso aos serviços de APS, o presente estudo mostrou uma associação positiva entre o reconhecimento da FUC APS e o acesso aos serviços de APS, sendo que os indivíduos que vivenciam maiores desigualdades sociais, apesar de reconhecerem a APS como sua FUC tem menor probabilidade de acesso quando comparado aos adolescentes que não reconhecem a APS como sua FUC. Além disso, políticas sociais devem ser aprimoradas para ampliar a qualidade e o acesso aos serviços de APS e fortalecer as relações de vínculo e confiança.
Abstract: Introduction: Having a usual source of care (FUC) from Primary Health Care (PHC) can improve health care for Brazilian adolescents, and access to health promotion and disease prevention actions. Among the recommended actions to be developed by PHC professionals, the School Health Program (PSE) stands out, developed through intersectoral actions between Primary Health Care services (PHC) and school units in the public sphere. These actions can favor a relationship of bond and reliability between adolescents and PHC services, based on the integration between the health and education sectors, contributing to the recognition of PHC as their FUC. A longitudinal relationship of accountability and trust can favor access to PHC health services. In this sense, adolescence is a period of life considered vulnerable due to the experience that can compromise the integrity of health. It is necessary to develop studies that make it possible to understand the determining factors in access to health and health care practices that consider the specificities and singularities of these individuals, in order to favor inclusion, autonomy and social participation in their care processes for adolescents. the health. General objective: To analyze the conceptual and methodological approaches and the determining factors for the recognition of a usual source of care and its association with access to PHC services among Brazilian adolescents. Specific Objectives: Systematize in national and international scientific literature, the concepts of usual source of care, the methodological approaches used and the determining factors evidenced by the studies; To analyze the demographic, socioeconomic, health factors and risk behaviors associated with the recognition of a usual source of care, according to sex, among Brazilian adolescents; To analyze the association between the development of intersectoral actions between school/health services and the recognition of a usual source of PHC care; To analyze the association between the recognition of a usual source of PHC care and access to PHC services, according to sex, among Brazilian adolescents. Methodology: The thesis was presented in four articles according to each specific objective. To carry out the first objective, a scope review study was carried out, with an article from the international literature, being developed with 41 original articles as a final sample. In the second objective, a cross-sectional study was conducted with 100,464 Brazilian adolescents, using complex sampling by cluster, based on data from the National School Health Survey (2015), with the dependent variable - Usual Source of Care. For data analysis, multilevel logistic regression models were used, based on the analysis of the Prevalence Ratio (PR), adjusted for demographic, socioeconomic, risk behavior and health variables, and stratified by sex. In the third objective, a cross-sectional study was conducted with 97,903 Brazilian adolescents, based on the PeSNE survey (2015) which considered adolescents from schools who reported developing intersectoral actions between the school and PHC services. For the statistical analysis, defined as the main independent variable – intersectoral actions and the dependent variable – Usual Source of Care of PHC, multilevel logistic regression models were used, estimating the PR. In the fourth objective, a cross-sectional study was conducted, based on the PeNSE survey (2015) with 68,968 Brazilian adolescents who sought PHC services in the last 12 months after the interview. It considered as the main independent variable – FUC APS and the dependent variable – Access to PHC health services. PRs were estimated from multilevel logistic regression models and adjusted for demographic, socioeconomic, risk behavior and health variables, and stratified by sex. For the analyses, corrections were made for complex, multilevel sampling using the stata 14 software and the use of the adjrr command for PR estimates. Results regarding the first objective: 632 articles were identified, of which 291 were excluded because they were repeated in the databases, with a final sample of 41 articles that were selected for review after the process of reading and evaluating the inclusion criteria. Being female, white race/color, higher income and education, and having health insurance were associated with the recognition of a FUC. The same association was observed for FUC APS, in addition to studies highlighting the relationship with mixed race/color, lower level of education and living in rural areas. Results regarding the second objective: The recognition of a FUC was mentioned by 55.5% of Brazilian adolescents, being 58.6% for females and 51.4% for males. In the multivariate analysis, the variables that present social, economic and risk behavior inequalities showed positive associations for FUC APS, for both sexes (race/black/childbirth/yellow and indigenous, low level of maternal education, being a high school student, public schools, unprotected sexual intercourse and having suffered violence). The other types of FUC (private practice, hospital and emergency), the demographic and socioeconomic characteristics when associated, showed negative associations, with positive associations for the variables of risk behavior and health conditions. Results regarding the third objective: Of the adolescents analyzed, 72.8% studied in schools that developed intersectoral actions with PHC services. Among the adolescent students from schools that developed intersectoral actions, an association was observed between the recognition of FUC APS and intersectoral actions (PR: 1.11; 95%CI: 1.08 – 1.15). When analyzing the multivariate model for the variations of the main independent variable, positive associations were observed for actions of the Health at School Program (PSE) (PR: 1.34; 95%CI: 1.30 – 1.38), and the development of actions between the school and PHC services (PR: 1.10; 95%CI: 1.06 – 1.14). Results regarding the fourth objective: Of the adolescents who sought PHC services, 74.6% reported access, with the highest proportion being female (79.3%). In the multivariate analysis, between the recognition of a FUC APS and access to PHC services, a positive association was observed (PR: 1.25; 95%CI: 1.24 – 1.26), and in the stratified by sex, it was observed that positive associations were found for both sexes, (PR: 1.30; 95%CI: 1.28 – 1.31) for males and (PR: 1.21; 95%CI: 1.20 – 1.23) for the female sex. Final considerations: The results of this study showed that social, economic and risk behavior determinants, such as being female, white race/color, higher level of education and income, and the availability of health insurance, are associated with the recognition of a FUC. The findings between the social determinants and the recognition of PHC as a FUC showed that adolescents in conditions of greater social and economic vulnerability are more likely to recognize PHC as a FUC. FUC APS also showed an association with intersectoral actions, between health and education. Regarding access to PHC services, the present study showed a positive association between the recognition of FUC APS and access to PHC services, with individuals experiencing less social inequalities, despite recognizing PHC as their FUC, they are less likely to access when compared to adolescents who do not recognize PHC as their FUC. In addition, social policies must be improved to expand the quality and access to PHC services and strengthen bonds and trust.
Palavras-chave: Fonte Usual de Cuidado
Atenção Primária à Saúde
Adolescente
Ações Intersetoriais
Acesso aos Serviços de Saúd
CNPq: CNPQ::CIENCIAS DA SAUDE::SAUDE COLETIVA
Idioma: por
País: Brasil
Editora / Evento / Instituição: Universidade Federal da Bahia. Instituto de Saúde Coletiva
Sigla da Instituição: ISC-UFBA
metadata.dc.publisher.department: Instituto de Saúde Coletiva - ISC
metadata.dc.publisher.program: Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC-ISC)
Tipo de Acesso: Attribution-NonCommercial-ShareAlike 3.0 Brazil
metadata.dc.rights.uri: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/37906
Data do documento: 5-Set-2022
Aparece nas coleções:Tese (ISC)

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Tese_MAÍSA-MÔNICA_FLORES_2022.pdf
Restrito até 2024-09-26
1,79 MBAdobe PDFVisualizar/Abrir Solicitar uma cópia


Este item está licenciada sob uma Licença Creative Commons Creative Commons